Ori Tahiti

O que é Ori Tahiti?

O Ori Tahiti, é uma prática artística, social e cultural do Tahiti, e é a forma de dança mais praticada em todo o território Polinésio. Muito além de diversão, o Ori Tahiti, incorpora a identidade cultural dos Tahitianos. Subdividido em 5 estilos onde temos: otea, aparima, patautau, paoa e hivinau, estava presente nos rituais, nas principais etapas da vida (nascimento, casamento, funeral...), e marcavam o início, o auge e o fim das colheitas, além disso a dança era uma forma de selar a paz, celebrar vitórias, demonstrar a força no caso dos homens, na sedução e homenagear a chegada de outros líderes ou visitantes às ilhas.

Destes estilos citados do Ori Tahiti, os que mais ganharam popularidade e são mais praticados pelo mundo afora são a Otea e a Aparima.

A dança Tahitiana, exige uma dualidade corporal que resulta em uma marcação de ritmos com a parte inferior do corpo com ênfase nos quadris, já na parte superior braços e mãos  representam e transcrevem o sentindo das canções.  O conjunto dessa dualidade formam uma estética específica e única do Ori Tahiti.

Cada gesto realizado realizado dentro do Ori Tahiti, corresponde a expressão de uma palavra, ação ou conceito e podem ser tão complexos quanto sutis. Gestos esses que estão longe de serem considerados mímicas, que quando interpretados através da dança, permitem dizer o indizível e transcendem as escritas.

Já a marcação de quadril é executada a partir de passos específicos da dança Tahitiana, todos com nome e técnicas para serem executados. Todos os passos (32 femininos e 26 masculinos), foram codificados pelo conservatório artístico  Te Fare Upa Rau, e entraram para a folha de inventário do patrimônio cultural imaterial da Polinésia Francesa, a fim de preservar e reafirmar todo o legado e adaptação do Ori Tahiti até então.

O Ori Tahiti pode ser dançado individualmente ('āta'a), por homens (tāne), mulheres (vāhine), duplas (āpipiti) ou grupos (āmui).  Existe uma grande diferença em relação aos movimentos e passos feminino e masculino. Assim revelam sempre coreografias distintas, porém, na maioria das vezes expressando o mesmo significado.

Versão feminina: caracteriza-se em manter firme costas e busto dando mais mobilidade e ênfase a pelve, que junto com a força dos pés e flexão e movimentação dos joelhos resultam em passos ágeis, fortes e graciosos.
A barriga e seus músculos também têm um papel de base fundamental no 'Ori Tahiti, proporcionando lindos movimentos que oscilam entre contração e relaxamento muscular.
Os movimentos do quadril são acentuados com variações na amplitude, magnitude de rotações ou oscilações entre movimentos rápidos e lentos que são direcionados de acordo sincronização rítmica da canção.
Já a parte superior do corpo se destaca pelos movimentos dos braços e mãos que fluem com suavidade, delicadeza e as vezes demonstrações de força. Todos os detalhes e gestos carregam consigo um significado e narrativa únicos, fazem parte de uma interpretação que fica ainda mais graciosa e ilustrativa com o suporte da cabeça que segue ou se opõe aos gestos. A expressão dos olhos e rosto em geral são também essenciais para uma interpretação perfeita dentro do Ori Tahiti.

Versão masculina:  caracteriza-se pela demonstração física de força e combatividade que são executados através de saltos, socos, posturas mais abertas e muita força e resistência que ficam evidentes em movimentos bem flexionados, exaltando toda a virilidade de um homem.
A dualidade corporal é também marca no 'Ori tane, porém a estética dos gestos se diferem dos gestos femininos, sendo movimentos menos fluídos, mais fortes e com menos foco no balanço dos braços, algumas coreografias incluem movimentos pélvicos, principalmente se o tema dançado for uma paródia ou sugestivo.

De acordo com o texto do Inventário Patrimonial Cultural do Ori Tahiti, este conceito de dualidade está ligado a  doutrina  ancestral referente ao corpo, tendo como concepção uma divisão simbólica do o sagrado e do não sagrado, do topo e do fundo, que vêm da cosmologia daul entre o céu e a terra, entre a luz e as trevas. Esta representação tem como concepção que a cabeça é o elemento mais elevado do corpo sendo o mais sagrado, logo vem o torso (cabeça, estômago, fígado e diafragma), onde guardamos os pensamentos, as emoções e sentimentos.

O Ori Thiti, passou e ainda passa por mudanças devido a sua proibicão pela igreja católica, e também mudanças trazidas por influências externas e contemporâneas tantos nas músicas quanto nos passos, apesar de manterem o máximo da base das características tradicionais. A história transcrita Teuria Henry, e outros grandes nomes dentro da dança Tahitiana como alguns: Madeleine Mouá e Mamie Louise (Louise Kimitete), foram o que  ajudou a manter viva e  a preservar muito das tradições, estilo e lealdade ao Ori Tahiti, junto com vários aspectos culturais que quase se perderam na história dos Tahitianos e povo Polinésio em geral.